Você já ouviu falar em “Risco Sacado” ou “forfait”?
Essa é uma ferramenta financeira que envolve empresas, fornecedores e instituições financeiras. É uma operação de curto prazo que ajuda as empresas a gerenciar seu capital de giro.
Apesar de pouco conhecida por muitos empresários, essa operção pode trazer grandes vantagens para a empresa que deseja aplicá-la. No entanto, com o caso alarmante das Americanas, no início de 2023, o Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade publicou novas regras para o Risco Sacado que estarão vigentes a partir de 2024.
E, para te manter bem atualizado, vamos explicar de forma simples como o Risco Sacado funciona, quais são as regras vigentes até o momento e quais são as mudanças que estão chegando em 2024.
O que é o Risco Sacado?
O Risco Sacado, também chamado de “forfait” ou “confirming”, é uma operação financeira que envolve a empresa compradora, seus fornecedores e um banco. A ideia é facilitar o financiamento dos fornecedores. Funciona assim: a empresa compradora escolhe fornecedores que podem antecipar o pagamento das vendas a instituições financeiras, indicadas por ela. Em troca dessa antecipação, o fornecedor paga uma taxa de desconto, que são como juros.
Por exemplo, imagine que um fornecedor fez uma venda de R$ 1.000,00 com prazo de 60 dias. Ele decide antecipar o pagamento ao banco e recebe R$ 950,00 imediatamente. Os R$ 50,00 restantes são a remuneração paga ao banco pela antecipação.
A empresa compradora, por sua vez, deve pagar ao banco, não ao fornecedor, o valor original de R$ 1.000,00 dentro do prazo acordado com o fornecedor, que é de 60 dias neste exemplo. É importante ressaltar que o banco é quem assume o risco de crédito da empresa compradora.
Qual é a regra atual?
Até 2024, as empresas devem seguir as regras estabelecidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A CVM exige que as empresas divulguem, em notas explicativas, às operações de Risco Sacado, especialmente aquelas com prazos de pagamento mais longos do que o comum. Essas operações permitem que a empresa obtenha capital de giro, estendendo os prazos de pagamento aos fornecedores.
No entanto, a classificação dessas operações como endividamento não é obrigatória. Algumas empresas não divulgam o volume de Risco Sacado em suas contas de fornecedores, o que pode confundir os investidores e subestimar as obrigações financeiras da empresa.
O que vai mudar em 2024?
Apesar de ser de grande ajuda para as empresas, o Risco Sacado pode causar dúvidas ou incertezas para quem deseja investir no negócio.
No entanto, a partir de 2024, novas regras contábeis foram estabelecidas para melhor atender todas as partes envolvidas nesse processo.
Na regra vigente a partir do ano que vem, as empresas precisarão incluir em suas demonstrações financeiras informações detalhadas sobre as operações de Risco Sacado. Isso incluirá termos e condições dessas operações, exposição ao Risco Sacado nos fluxos de caixa e detalhes sobre as operações contratadas, como prazos de pagamento e riscos de liquidez.
É importante destacar que essa mudança não se aplica aos relatórios trimestrais, apenas aos anuais, tá bem?
O Risco Sacado é uma ferramenta financeira que ajuda as empresas a gerenciar seu capital de giro e a manter relacionamentos saudáveis com fornecedores. E esse novo processo vai contribuir para um cenário com mais clareza sobre as operações da empresa, aumentando a sua credibilidade e evitando distorções da alavancagem e análises comparativas.